sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Sobre o escudo original

APROFUNDANDO UM POUCO...E...ARGUMENTANDO...








Perguntar-se-á:

Não tinha a cidade um escudo mais antigo e com algum traço senhorial?

Parece que sim.

Em 1931 o presidente da Câmara de Oliveira do Hospital, Dr António Correia da Fonseca, após o regresso da sede do município, da localidade de Avô, para Oliveira do Hospital, pediu um parecer sobre este assunto ao Doutor António Ribeiro Garcia de Vasconcelos, pois se não houvesse brasão próprio teria de se pedir um ao Governo.
Segundo investigação do Doutor Vasconcelos (homem de letras e que foi lente da Universidade de Coimbra) existia um escudo de armas na frontaria do paço municipal e terá sido destruído, bem como os arquivos municipais, o cunho e o selo. E o mesmo escudo existiu também na igreja paroquial” que remonta, pelo menos ao séc. XVII e “nela se via o escudo da villa esculpido na verga da porta travessa e, também pintado com as respectivas cores…sobre o retábulo do altar”.

Tratava-se de um escudo que tinha por base as armas da Ordem de Malta , “dominus loci” ou seja o donatário, e, como peças heráldicas diferenciadoras uma estrela de seis pontas e uma Flor de Lis, como a seguir se pode comprovar em desenho do mestre de Coimbra, Eduardo Belo Ferraz, mandado fazer pelo visconde Sanches de Baena, especialista em heráldica, em conformidade com a indicação e esboço fornecidos pelo Dr. Francisco Borges Mendes Cruz, reportando-se ao que vira no antigo paço do concelho.



A estrela representaria provavelmente a situação geográfica e relação do município com a Serra da Estrela e a Flor de Lis era o símbolo do brasão de Domingos Joanes, célebre cavaleiro de Oliveira e descendente dum “rico homem de Gramácius (Gramaços) Flaviano ou Chaves”. Ainda existe hoje um local junto a Oliveira, nas costas do complexo escolar designado como vale do ricome (rico homem).

Tudo foi destruído com o fim da monarquia e, citando o Doutor Vasconcelos “O desenho tive eu a feliz ideia de o guardar…a escultura da fachada do paço da Câmara foi mutilada em 1910 …pela imbecilidade estúpida e selvagem de quem uma noite, trepando por uma escada de mão, a partiu…o estandarte desapareceu e as gravuras também se sumiram”.

Como conclusão, o doutor Vasconcelos, em carta dirigida ao presidente do Município termina deste modo: “Salvo melhor e mais autorizado parecer, a Câmara de Oliveira do Hospital não deve hesitar em continuar a usar o antigo escudo heráldico da vila, séde dêste Concelho. Eis a sua descrição: Em campo de púrpura, cruz de Malta de prata; e de ouro, acantonadas em chefe, à dextra uma estrela de seis pontas, à esquerda uma flor de lis. Quanto à corôa, é meu parecer, embora inteiramente destituído de autoridade que é preferível deixar o escudo, simples sem cobertura. A única que, razoàvelmente podia pôr-se-lhe, era a coroa da soberania usada nos escudos heráldicos da Ordem de Malta; mas é fácil de prever que isso causaria reparos a certa gente exaltada; suporiam ver nela a coroa dos depostos reis de Portugal e, toma-la-hiam à conta de manifestação política subversiva… eu preferiria um escudo descoberto, encarregando um artista de dar a êste uma forma adequada, de forma que a estética não fosse prejudicada…
Esta a minha opinião sincera, exposta despretenciosa e chãmente, com o afecto e amor que me merece tudo quanto se refere à minha terra querida e à sua história”.

Pelos vistos o conselho do doutor Vasconcelos não terá sido seguido (..?), ou, se o foi terá sido mais tarde abandonado?
Curiosamente , como acima já se disse o escudo da Freguesia parece não se afastar tanto da linhagem da cidade.
Razões explicativas?
Por mim continuarei a procurar

Ulvária do Espital
4 de Dezembro de 2009


Bibliografia: Oliveira do Hospital e o seu escudo de armas; Dr. António de Vasconcelos; Coimbra Editora, M.DCCCC.XXXI

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